ATA DA QUINTA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 06.04.1999.
Aos seis dias do mês de abril do ano de mil
novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e vinte e
cinco minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear
a passagem dos noventa anos do Sport Club Internacional, nos termos do
Requerimento nº 05/99 (Processo nº 95/99), de autoria do Vereador Fernando
Záchia. Compuseram a MESA: o Vereador Nereu D’Ávila, Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre; o Senhor José Fortunati, Vice-Prefeito Municipal e
representante do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Senhor Paulo
Rogério Amoretty Souza, Presidente do Sport Club Internacional; o Deputado Onyx
Lorenzoni, representante da Assembléia Legislativa do Estado; o Desembargador
Délio Spalding de Almeida Wedy, representante do Tribunal de Justiça do Estado
do Rio Grande do Sul; o Coronel Antônio Carlos Maciel Rodrigues, Presidente do
Tribunal Militar do Estado; o Senhor Emidio Perondi, Presidente da Federação
Gaúcha de Futebol; o Vereador Fernando Záchia, proponente da Sessão e, na
ocasião, Secretário "ad hoc". A seguir, o Senhor Presidente convidou
a todos para, em pé, assistirem à execução do Hino Nacional, tocado pela Banda
da Ajudância Geral da Brigada Militar, sob a regência do Mestre da Banda,
Sub-Tenente Luiz Renato Barros Dias e, após, concedeu a palavra aos Vereadores
que falariam em nome da Casa. O Vereador Fernando Záchia, em nome da Bancada do
PMDB, discorreu sobre a trajetória do Sport Club Internacional, desde sua
fundação em mil novecentos e nove, destacando os anos de atuação no Estádio dos
Eucaliptos e a construção do atual Estádio Beira-Rio e afirmando ser o clube,
em especial a partir da inauguração desse Estádio, uma referência no esporte
brasileiro. O Vereador Lauro Hagemann, em nome da Bancada do PPS, manifestou
sua alegria por participar da presente Sessão, declarando que pelo menos a
metade da torcida esportiva do Rio Grande do Sul segue a trajetória do Sport
Club Internacional e que ser colorado representa um estado de espírito dos gaúchos.
O Vereador João Motta, em nome da Bancada do PT, analisou questões referentes à
subjetividade dos sentimentos, à paixão e à razão de ser torcedor colorado,
citando a grandeza e a presença do Sport Club Internacional na sociedade
brasileira e no mundo. O Vereador João Bosco Vaz, em nome da Bancada do PDT,
tecendo considerações sobre as vitórias esportivas obtidas pelo clube hoje
homenageado, lembrou ex-jogadores e dirigentes presentes à Sessão, salientando
os nomes de Pedro Paulo Záchia, Cláudio Duarte, Bráulio e Sadi Schwerdt, que
também foi Vereador e Diretor desta Casa. O Vereador Luiz Braz, em nome da
Bancada do PTB, registrou seu orgulho em estar ocupando a tribuna na homenagem
ao aniversário do Sport Club Internacional, dizendo que, apesar de ser torcedor
do Grêmio Foot-Balll Porto-Alegrense, tem grandes amigos nesse clube. Também,
teceu considerações sobre a qualidade dos jogadores que ora integram o
Departamento de Futebol do clube homenageado. O Vereador João Carlos Nedel, em
nome da Bancada do PPB, comentou a história de êxito do Sport Club
Internacional, destacando ser ela embasada na busca constante do aprimoramento
profissional. Comunicou ter protocolado Projeto de Lei nesta Casa, nomeando
como Ildo Meneghetti um logradouro público, como forma de homenagear este
ex-político e Patrono do clube. O Vereador Cláudio Sebenelo, em nome da Bancada
do PSDB, historiou sobre o Sport Club Internacional, desde seu surgimento até o
momento atual, frisando que a trajetória desse clube é realizada no dia-a-dia,
com a dedicação de cada um dos seus funcionários, dirigentes, atletas e
associados. O Vereador Hélio Corbellini, em nome da Bancada do PSB, registrou,
a pedido da Vereadora Tereza Franco, que o primeiro gol do Sport Club
Internacional feito no Estádio Beira-Rio foi de autoria do jogador Claudiomiro.
Também, frisou que esse clube, através de seu Conselho Deliberativo, representa
todos os segmentos sociais e que essa pluralidade é a expressão das correntes
de pensamento da comunidade. O Vereador Gilberto Batista, em nome da Bancada do
PFL, relembrou as vitórias e títulos conquistados pelo Sport Club Internacional,
mencionando a nova visão administrativa adotada pela atual direção do clube.
Também, reportou-se ao trabalho realizado pelo clube junto a meninos de rua. Em
continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Presidente do Sport
Club Internacional, Senhor Paulo Rogério Amoretti Souza, que agradeceu a homenagem
prestada por este Legislativo e procedeu à entrega, aos Vereadores Nereu
D’Ávila e Fernando Záchia, de medalha comemorativa dos noventa anos do Sport
Club Internacional. A seguir, a Banda da Ajudância Geral da Brigada Militar
executou o Hino do Sport Club Internacional e a música "Parabéns a
Você". Após, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem à
execução do Hino Rio-Grandense, agradeceu a presença de todos e, nada mais
havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezenove horas e três
minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à
hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Nereu D’Ávila e
secretariados pelo Vereador Fernando Záchia, Secretário "ad hoc". Do
que eu, Fernando Záchia, Secretário "ad hoc", determinei fosse
lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Estamos dando início à Sessão Solene
destinada a homenagear os noventa anos do Sport Club Internacional.
Esta
Sessão foi uma proposição do nobre Ver. Fernando Záchia.
Nós
temos a satisfação de convidar as seguintes pessoas para compor a Mesa: O Sr.
José Fortunati, Vice-Prefeito Municipal, representando o Sr. Prefeito; o Sr.
Paulo Rogério Amoretty Souza, Presidente do nosso glorioso Sport Club
Internacional; o Deputado Onyx Lorenzoni, representante da Assembléia
Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul; o Desembargador Délio Spalding de
Almeida Wedy, representante do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do
Sul; o Cel. Antonio Carlos Maciel Rodrigues, Presidente do Tribunal Militar do
Estado do Rio Grande do Sul; e o Sr. Emídio Perondi, Presidente da Federação
Gaúcha de Futebol.
Convidamos
todos os presentes para, em pé, ouvir o Hino Nacional.
(Executa-se
o Hino Nacional.)
Antes
de darmos a palavra ao primeiro orador, que é o proponente desta Sessão Solene,
em nome da Presidência da Casa, nós queremos saudar a todas as pessoas que aqui
se encontram através dos ex-Presidentes, Beneméritos, Diretores, Treinadores,
torcedores, enfim, aqueles que o nosso Governador Olívio Dutra, ontem, naquela
magnífica festa no salão de eventos do Plaza São Rafael, com mais de seiscentas
pessoas, classificou de Nação Colorada. Saudamos esta grande Nação, que é a
metade, no mínimo, do Rio Grande. Este Rio Grande torcedor, este Rio Grande
vibrante, esportivo.
Eu,
também, como pessoa física, não posso deixar, apesar da solenidade, da
formalidade da Sessão e do cargo, de dizer que, como todos os gaúchos, cada um
tem a sua cor clubística e torce por ela. Assim como respeitamos o sofredor,
Vice-Prefeito, do Grêmio, nós nos proclamamos colorados doentes. (Palmas.)
Não
posso deixar de acrescentar à formalidade do ato o entusiasmo do torcedor.
Bem-vindos sejam todos, nossos parabéns aos 90 anos desta tradição vermelha,
que tanto nos enche o coração de alegria, e pelos 30 anos, hoje, daquele
inolvidável dia, daquele formidável gol do Claudiomiro, que inaugurou o Estádio
Beira-Rio. Por estas duas datas, a Câmara Municipal, representante de todos os
porto-alegrenses, com todas as suas nuanças partidárias, nós saudamos a todos
que aqui nesta tarde prestigiam esta Sessão Solene.
Concedo
a palavra ao proponente da Sessão Solene, o nobre Ver. Fernando Záchia, que
fala em nome da Bancada do PMDB.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Exmo. Senhor Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre, Ver. Nereu D’Ávila; representante do Senhor Prefeito
Municipal, Vice-Prefeito José Fortunati; Presidente do Sport Club
Internacional, nosso grande homenageado, Paulo Rogério Amoretty Souza; representante
da Assembléia Legislativa do Estado, Dep. Onyx Lorenzoni; representante do
Tribunal de Justiça do Estado, Desembargador Délio Spalding de Almeida Wedy;
Presidente do Tribunal Militar do Estado, Cel. Antonio Carlos Maciel Rodrigues;
Presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Emídio Perondi; ex-Presidente do
clube, Dr. Gildo Russowsky, nosso primeiro presidente da Comissão de Obras do
Gigante da Beira-Rio, ex-Presidente Carlos Stechmann; ex-Presidente Arthur
Dallegrave; ex-Presidente Pedro Paulo Záchia; Valdemar Kunh, benemérito do
Clube. Gostaria de fazer, também, um agradecimento especial aos ex-atletas
Cláudio Duarte, Bráulio, Sadi, Valdir, aos funcionários do clube, aos
conselheiros, torcedores, Vereadoras e Vereadores.
Aqui
vai se falar muito da história do Internacional, nos noventa anos do
Internacional, da inauguração do marco importante que foi o Estádio Beira-Rio.
Mas eu queria falar um pouco mais do que representa esse clube, de como surgiu
o Internacional em 1909, formado por jovens que haviam sido barrados de
praticar o futebol nos dois clubes existentes em Porto Alegre. Já nascia o
Internacional contestando, já nascia no Internacional jovens impondo uma
prática desportiva fazendo com que esse clube se tornasse extremamente popular.
Tinham dúvidas nas cores clubísticas. Espelharam-se nas escolas de samba, algo
extremamente popular na cultura porto-alegrense, na cultura rio-grandense.
Mostrava o Internacional que de 1909 até hoje seria um clube marcado pelo
populismo, pela cor vermelha, pela garra e pela paixão. Vai-se dizer aqui dos
grandes times e das grandes equipes vitoriosas, de seus grandes dirigentes - e
temos aqui o senhor Luiz Dariano -, dirigentes que deram a vida para o clube,
dirigentes que projetaram o Internacional, que fizeram com que o Internacional
fosse, sem dúvida alguma, o clube mais amado no Estado do Rio Grande do Sul, um
clube vitorioso na sua história, que formou grandes times.
Hoje,
na Assembléia Legislativa, quando o Dep. Onyx Lorenzoni, aqui representando a
Assembléia Legislativa, colorado, conselheiro, companheiro de clube,
companheiro de alegrias e eventuais sofrimentos, dizia e mostrava toda a
trajetória do Internacional, falando de jogadores; lembro que citou o Bráulio
Barbosa Lima, o “Garoto de Ouro”, citava o Cláudio, citaria o Sadi e o Valdir,
que foi campeão brasileiro em 75, jogando na lateral direita.
Comecei
a lembrar um pouco mais do Internacional, que eu e o Pedro Paulo vivenciamos em
1968, quando o nosso pai era Presidente do Clube, naqueles difíceis anos dos
Eucaliptos, naquele difícil momento, porque tudo era canalizado para o
Beira-Rio, todos os recursos que o Internacional conseguia, através da sua
torcida, da paixão da sua torcida eram levados para que pudéssemos fazer essa
monumental obra. Lembrava que esse mesmo pai nosso, Presidente em 68, era um
dos Vereadores nesta Casa em 56, quando foi aprovado um projeto do saudoso
ex-Presidente Ephrain Pinheiro Cabral onde o Executivo Municipal doava para o
Sport Club Internacional sete hectares de água. Vejam que loucura, doavam sete
hectares para um clube fazer um estádio de futebol dentro de um rio. Parece que
desconsideravam a pujança do Clube, parece que não conseguiam imaginar a
grandeza da torcida do Internacional, que tinha essa capacidade de construir um
estádio como o Beira-Rio sem ter um tostão dos órgãos públicos, sem ter um
tostão do Município de Porto Alegre ou do Estado do Rio Grande do Sul.
Construiu um estádio para 90 mil pessoas, para 90 mil colorados com trabalho,
com a paixão, com o ardor dos colorados. Se um clube, em uma trajetória curta
de 90 anos, que tem essa capacidade de construir esse estádio que foi um marco
no futebol gaúcho, a partir da inauguração do Beira-Rio, que hoje, faz 30 anos,
em seis de abril de 1969, a partir desse momento, o futebol gaúcho passou a ser
uma referência nacional, o futebol gaúcho passou a ser vencedor.
Nós,
felizmente, na década de 70 empilhamos títulos regionais, ganhamos três títulos
nacionais, mas o Rio Grande do Sul, o futebol gaúcho e a nossa Porto Alegre
começaram a entrar dentro do mapa do futebol brasileiro. Porto Alegre era a
referência. Ali, em Porto Alegre, existia um clube, e esse clube tinha a
capacidade e a competência de construir um grande estádio. Um Clube como esse,
que tem na sua história momentos extremamente importantes, porque era o clube
que buscava na liga dos canelas pretas, aqueles jogadores negros que nos outros
clubes eram impedidos de jogar futebol. No Internacional, não. O Internacional
abria as portas para que todos: brancos pretos e amarelos pudessem jogar
futebol. Este é o clube do povo, este é o clube da paixão, este é o clube que
não é modismo. Quem nasce colorado, morre colorado. Quem nasce colorado tem uma
paixão verdadeira pelo nosso Internacional.
O
Senhor Paulo Rogério Amoretty, com competência conduz a sua gestão que se
encerra neste final de ano. Tenho certeza absoluta de que Vossa Senhoria
desenvolve projetos importantes, como esse que atende aos meninos de rua. O
aspecto social que talvez fosse função do Estado ou do Município, o
Internacional trouxe para si a responsabilidade de trazer esses meninos de rua,
esses meninos que querem uma oportunidade da prática de futebol. O
Internacional dá estrutura, dá condição para que eles possam jogar futebol,
para que eles possam praticar esporte. E assim estarão longe das drogas,
estarão longe da marginalização e estarão fazendo algo extremamente saudável
que a pratica esportiva. Ora, o Internacional também tem essa responsabilidade.
O
Internacional olha para trás, olha para a sua história, olha para aqueles
dirigentes que construíram essa história e tem essa responsabilidade social de
fazer com que cada vez mais nós possamos ter esse amor, essa paixão pelo Clube,
como certamente o temos.
Esperamos,
Presidente Paulo Rogério Amoretty, e temos certeza de que o Internacional terá
um futuro muito promissor, que o Internacional que construiu essa história, que
o Internacional que tem essas conquistas, o Internacional que tem essa
estruturação, certamente vai nos levar para que possamos, cada vez mais,
continuar constatando a grandeza do nosso Clube. Que essa torcida que construiu
o Estádio para quase cem mil pessoas tenha a capacidade de manter o clube mais
alguns anos.
Quero,
aqui, cumprimentar a todos nós, colorados. Quero registrar esta data
extremamente importante que marca os noventa anos do Clube, mas que também
marca trinta anos do seu Estádio e vinte e cinco anos da construção do seu
Ginásio, que marca vinte anos do primeiro tricampeonato brasileiro, o único
campeonato invicto. Ora, esta é uma história rica, é uma história muito grande.
Este é o nosso Clube e é essa nossa função, nós Vereadores que representamos a
totalidade desta Cidade, que representamos todos os segmentos desta Cidade
temos a obrigação de homenagear o nosso Clube que é, sem dúvida nenhuma, a
maior instituição de nossa Cidade. A maior instituição desta Cidade, que
continua tendo a maior torcida, é a torcida mais apaixonada que tem o futebol
gaúcho. Parabéns. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está com a
palavra pela Bancada do PPS.
O SR. LAURO HAGEMANN: (Saúda os componentes da Mesa.) Ilustres
ex-Presidentes do Internacional, Conselheiros, atletas, Senhoras e Senhores
Vereadores. Há noventa anos este Estado se move, ou pelo menos a metade dele se
move, pela cor vermelha do Internacional. É uma sensação de euforia quando este
Clube se apresenta aos olhos da sua torcida no glorioso Estádio Beira-Rio.
O
Internacional representa um estado de alma do gaúcho. É mais do que um clube de
futebol. É um estado que reproduz uma sensação de vida diferente, e aí reside a
responsabilidade do Internacional, no futuro. Na época em que nós estamos
vivendo, de profundas transformações na sociedade, nos costumes, na economia,
na educação, na saúde, dificuldades num momento de grande transição, um clube
como o Internacional representa uma âncora onde a sociedade pode buscar o
impulso para continuar. Esta é a sensação que nós, porto-alegrenses, sentimos,
com justa razão, porque Porto Alegre abriga o Internacional.
O
Internacional é o orgulho de Porto Alegre e representa muito para o Estado,
para o País. O Internacional é um clube internacional.
Dizia
o Ver. Fernando Záchia que ninguém muda de clube, sendo do colorado. Eu era
pequeno, tornei-me colorado e continuo colorado. Depois de um certo tempo, como
comunista, eu aprendi a dizer que era colorado por três razões: era o clube do
povo, era vermelho e era internacional, essas são as três consignas dos meus
companheiros de Partido Comunista.
Por
isso, nesta data queremos manifestar toda a nossa alegria pelos 90 anos do
Internacional e desejar que Porto Alegre possa continuar abrigando essa imensa
nação colorada para a alegria da metade, pelo menos, do povo gaúcho. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta está com a palavra pela
Bancada do Partido dos Trabalhadores.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu gostaria, na representação que
me coube dentro da Bancada, depois de uma longa disputa interna, no PT não
poderia ser diferente, de tentar traduzir em pelo menos dois sentidos o que
sinto e o que acho que é a expressão de alguns colorados da Bancada do PT -
como a Vera. Maristela Maffei, que foi uma das concorrentes ferrenhas para este
pronunciamento em nome da Bancada.
Seguindo
a fala do companheiro Fernando Záchia sobre a questão dos sentimentos, da
paixão, eu relembraria Piaget. Casualmente, por uma outra circunstância, estive
ontem lendo um texto de Piaget. Ele coloca a importância - e aí a reflexão -
durante o processo de evolução do crescimento da criança na sua relação de
aprendizagem, das diferentes fases em que se dá esse desenvolvimento e a
repercussão, a posteriori, neste indivíduo, seja homem ou mulher, já na sua
fase adulta, de fatos que se concretizaram durante a sua infância. Diz Piaget
que esse é o aspecto do inconsciente que se revela de modo surpreendente,
muitas vezes, seja numa atitude de um juiz quando tem que prolatar uma
sentença; seja numa atitude de Plenário, quando algum Vereador assume
determinada postura; talvez aquela atitude, aquela sentença prolatada tenha, na
sua origem, esses fatos de infância que compõem a formação e o desenvolvimento
do indivíduo, da pessoa humana. Eu falo isso para dar razão ao Ver. Fernando
Záchia; de fato é impossível ser colorado sem que essa motivação esteja
fortemente informada pela paixão. Na minha família, no caso, eu sou talvez a
geração do meio. Meu avô é colorado, meu pai é colorado, eu sou colorado, meu
filho é colorado e a relação que recolho, na minha memória de piá, deles - do
meu pai, do meu avô -, sem dúvida nenhuma é uma memória da radicalidade, é a
memória da paixão, do sofrimento e da dor em cima da derrota, e da alegria e da
explosão que brota em cima da vitória. Ser colorado, portanto, me parece que o
Ver. Fernando Záchia tem razão, é se revelar como um apaixonado.
O
segundo aspecto é sem dúvida aquilo que o Ver. Lauro Hagemann tenta colocar,
que é um pouco da racionalidade. Eu acho que ser colorado, no cenário de
profundas mudanças por que passa o mundo, em que as tecnologias colocam o
indivíduo, de modo cada vez mais codificado e formal, faz com que nos sintamos
diferenciados, porque temos essa paixão, sabemos nos relacionar com essas novas
tecnologias, tentando incorporar o sentido da paixão a um sentido da razão. O
fato de nós estarmos escutando ou presenciando um jogo dentro do nosso Estádio,
com essa combinação, é motivo para nós refletirmos sobre o que é, de fato, o
Sport Club Internacional nos anos noventa.
Eu
tenho absoluta convicção, Ver. Fernando Záchia, que o nosso Presidente, a nossa
Diretoria, com esse time que montou este ano, e com todo esse desafio que a
cada dia nós vivenciamos, como colorados apaixonados e, também, como homens que
cumprem funções como essa que cumprimos, razão pela qual estamos diariamente
tendo que assumir o desafio de estarmos mais capacitados para o exercício dessa
função pública, que essa Direção do Inter saberá olhar nos noventa anos do
Clube, nos trinta anos do Beira-Rio, o que é de fato pensar o Sport Club
Internacional já com o horizonte do novo milênio.
Portanto,
acrescentaria isso, recolhendo da manifestação do Ver. Lauro Hagemann. A razão
nos indica isso: é o desafio que nós, torcedores, Direção do Inter temos que
pensar com paixão neste clube da invergadura, da tradição, da expectativa e da
esperança; nós temos que fazer com que essa Instituição seja cada vez mais
presente, não só na vida dos porto-alegrenses e do Estado, e outros estados,
mas um clube presente também na sociedade, presente também no mundo.
Essa
é a expectativa que temos e essas são as palavras que nós gostaríamos de
expressar nesta homenagem, com paixão e com razão! Um abraço à Direção. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra,
pela Bancada do PDT.
O SR. JOÃO BOSCO VAZ: (Saúda os componentes da Mesa.)
Contrariando o que disse o Ver. Lauro Hagemann, Vereador, só colorado não troca
de clube. E não troca de clube porque conhece a mística dessa camiseta.
Recentemente
o Vice-Prefeito perdeu uma aposta no Gre-nal e teve que vestir a camiseta do
Internacional, e não há quem suporte, depois de vestir essa camisa, deixar de
torcer pelo Internacional. É por isso que eu identifico essa Mesa Diretora dos
trabalhos como uma Mesa plena de colorados. E falo em nome da minha Bancada, do
PDT, uma Bancada colorada, composta pelos Vereadores Nereu D’Ávila, Elói
Guimarães, Isaac Ainhorn, dizendo que não é difícil falar da história dos 90
anos do Internacional. É um clube grandioso, com grande história, grandes
glórias, grandes vitórias. Nesse tempo todo, construiu um patrimônio
considerável, criou e projetou craques da maior qualidade - e quero saudar especialmente
o Cláudio Duarte, que em toda a história do Clube, como técnico e como jogador,
tem o maior número de títulos conquistados: dezesseis. (Palmas.) Também está
aqui o Sadi, ex-Vereador e ex-Diretor desta Casa; o Bráulio, garoto de ouro; o
Valdir, e tantos outros que fizeram a história do Clube.
Mas
é preciso ir mais longe, é preciso falar também daquelas pessoas que se doaram,
daquelas pessoas que dividiram o seu tempo entre a paixão e a razão. Vejo aqui,
de cabelos brancos, os ex-Presidentes: Dr. Gildo Russowsky; Dr. Carlos
Stechmann; Dr. Arthur Dallegrave; Dr. Pedro Paulo Záchia; Presidente Amoretty -
e seu caminho é esse: branquear o pouco cabelo que ainda lhe sobra, porque a
torcida colorada é exigente, quer vitórias, quer glórias, quer títulos! E o V.
Sa., hoje, ocupa uma posição com certeza invejada pela maioria deste Estado,
que representa a maioria da torcida colorada no Rio Grande do Sul.
E
eu fico pensando, quando falo de razão, de paixão, quanta dificuldade nossos
presidentes, nossos dirigentes encontraram para tomar uma decisão - a paixão do
torcedor falando no lado -: “puxa, eu não posso vender o Christian; puxa, eu
não posso vender o Falcão; puxa, eu não posso vender o Gamarra”. No outro lado,
a razão do dirigente dizendo: “eu preciso vender o Christian; eu preciso vender
o Falcão; eu preciso vender o Gamarra”. Porque o Internacional está acima de
todos eles, o Internacional está acima de qualquer briga política interna, está
acima de grandes jogadores. É a instituição Internacional.
Quando
eu lembro disso e vejo aqui o meu amigo Pedro Paulo Záchia, ao seu lado o meu
companheiro Luiz Fernando Záchia, que propôs esta homenagem, eu fico pensando:
quanta alegria da Dona Lurdes, mãe dos dois, quanta alegria em poder ver o
filho Pedro Paulo sentado na cadeira que foi do pai, José Alexandre Záchia;
quanta alegria, maior ainda, ao ver o Vice-Presidente de Futebol, Luiz Fernando
Záchia formando a dinastia dos Záchia no Internacional.
Senhores,
senhoras, torcedores, torcidas organizadas, esse é um grande clube, e como diz
o nosso companheiro Roberto Brauner, narrador esportivo: “Esse, Presidente, é o
Colorado mais amado do Brasil”. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Eu quero registrar a presença de alguns
Vereadores desta Casa, que não usarão da palavra, porque apenas um Vereador
representa cada bancada, mas que estão prestigiando esta Sessão Solene: a Vera.
Tereza Franco - a “Nêga Diaba” -, o Ver. Pedro Américo Leal, o Ver. Elói
Guimarães e a Vera. Maristela Maffei.
O
Ver. Luiz Braz está com a palavra pela Bancada do PTB.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Para mim é um motivo de orgulho
poder estar aqui na tribuna, mais uma vez. Digo mais uma vez, porque esta
tribuna costuma ser o principal artífice de grandes discussões sobre os temas
mais variados e mais importantes vividos em nossa Cidade. Hoje, venho aqui e
sou o primeiro representante do Grêmio a estar na tribuna, homenageando o
Internacional. Tenho motivos de sobra para fazer esta homenagem, primeiramente,
porque tenho grandes amigos dentro do Internacional; quero citar alguns que
estão aqui presentes, ex-jogadores do Internacional, como o meu grande amigo
Bráulio, que recebeu o título de Cidadão de Porto Alegre, neste Plenário, o que
foi uma honra para nós; temos o grande amigo Sadi Schwerdt, que foi
Diretor-Geral desta Casa por duas vezes, e nessas oportunidades em que ele
esteve aqui, tanto como Vereador quanto como Diretor da Casa, fizemos grandes
amizades, a exemplo do que também aconteceu com o Valdomiro, com quem
convivemos aqui como Vereador.
A
história do Internacional se cruza com a história do Legislativo Municipal;
temos aqui o Cláudio, de quem eu era fã como jogador e como técnico de futebol
- apesar de pertencer ao Internacional e de ser colorado, mas sou seu admirador
-; o Valdir, e tantos aqui, dirigentes, amigos vereadores, como é o caso do
Ver. Fernando Záchia, que foi o autor deste Requerimento, dos Vereadores
Cláudio Sebenelo, Hélio Corbellini, que são colorados e que, tenho certeza
absoluta, orgulham com os seus trabalhos as tradições do Clube.
Se
não bastasse isso, outra razão muito especial que tenho para fazer a homenagem
ao Internacional: o maior patrimônio que eu construí em toda a minha vida, com
certeza, são os meus filhos e entre eles eu tenho dois que são colorados.
(Palmas.) Um deles fez questão de vir aqui para assistir a Sessão. Acredito que
o que todos nós mais queremos é que os nossos filhos possam mirar grande exemplos.
Vejo que, dentro do Internacional, temos grandes exemplos que são capazes de
fazer com que os nossos filhos, que gostam do Internacional, que vibram com o
Internacional possam se mirar nesses grandes homens, copiando os seus atos,
seguindo os seus passos e, também, se transformar em grandes homens assim como
eles. Dou o exemplo dos dirigentes do Internacional, do atual Presidente, do
Záchia, que nós aprendemos a admirar nas tantas vindas que ele faz visitando o
seu irmão aqui nesta Casa, e grandes craques do futebol, e dou um exemplo: um
dos maiores craques do Internacional, pelo menos um dos grandes do Brasil, que
é o Christian. E eu faço uma comparação com o Pelé, não só pelo futebol - muito
embora os dois sejam jogadores estupendos - mas pelo seu caráter.
O
Christian, a exemplo do Pelé, é uma das raridades entre os jogadores, pois
mesmo recebendo grandes propostas e podendo ganhar grandes somas no futebol
internacional, ele parece que diz a toda nação colorada que ele ama o
Internacional e que a permanência neste time não é um sacrifício. Assim foi o
Pelé que, apesar das grandes propostas que recebia do futebol internacional,
era um jogador que amava tanto o Santos, que não era nenhum sacrifício para ele
permanecer no Santos e, ali, encerrar sua carreira. Apesar de todas as
dificuldades vividas num clube de futebol, apesar de, profissionalmente , o
jogador ter uma vida curta e sua expectativa é de ganhar dinheiro rapidamente,
apesar de tudo isso esse tipo de personalidade, esse caráter dessas pessoas
simboliza o grande amor que todas as pessoas devem ter por uma causa que
resolveram abraçar, e estes jogadores resolveram abraçar como causa os seus
clubes do coração: o Christian, no Sport Club Internacional, e o Pelé, naquela
época, no Santos.
E
por isso, eu, querendo que os meus filhos copiem esse grande amor por um
determinado ideal, me orgulho muitos por tê-los como colorados. Essa é a
homenagem maior que faço, quando comemoramos os 90 anos do Sport Club
Internacional. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a
palavra, pela Bancada do Partido Progressista Brasileiro.
O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Hoje pela manhã a Cidade foi
despertada por um ruidoso pipocar de fogos de artifício que se mostrava, mesmo
ao observador desatento, alegre em seu explodir, caloroso em sua demonstração e
exuberante em sua comemoração. E essa animada, quente e transbordante
manifestação se espalhou pelos quatro cantos da Cidade, contagiando a população
e dando início, de modo marcante, as comemorações que no dia de hoje culminam
com o evento que agora esta Casa está realizando.
Cumprimento,
em primeiro lugar, meu prezado colega e amigo, Ver. Fernando Záchia, pela
iniciativa de propor que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre prestasse essa
homenagem incontestavelmente justa e merecida ao Sport Club Internacional pelos
seus noventa anos de fundação, completados no último dia quatro.
Mas
quero lhes falar, em nome da Bancada do PPB, que tenho a honra de integrar
juntamente com os ilustres Vereadores João Dib, que é Conselheiro do Grêmio,
Pedro Américo Leal, aqui presente, e que se diz colorado, sendo eu mesmo também
gremista, do reconhecimento da importância e da significação da existência do
Sport Club Internacional na vida e na história moderna do Rio Grande do Sul,
que transcende a paixão meramente clubística para realçar nossa visão realista
dos fatos e dos acontecimentos, assim como das pessoas e entidades que
determinaram sua realização. E é nossa visão da realidade que nos mostra uma
entidade que, embora iniciada amadoristicamente para jogar futebol, tendo por
exemplo o já existente Grêmio, de há muito ultrapassou os limites da simples prática
desse esporte, que é paixão nacional, ajustando-se à nova realidade do mundo
esportivo e se tornando uma verdadeira empresa profissionalizada administrativa
e mercadologicamente. Sua trajetória permeada de freqüentes e sucessivos
êxitos, inclusive fora do Estado e do País, é motivo de orgulho, não só para os
seus associados e torcedores, mas também e igualmente para toda a nossa gente
que tem no Internacional um legítimo representante nosso, que honra a própria
camiseta, e que leva sempre consigo o orgulho de ser gaúcho e o prestígio de
ser brasileiro.
Nesses
noventa anos, sua camiseta e pavilhão colorado nunca foram jamais desmerecidos,
pelo contrário tem sido sempre motivo de admiração e respeito e, porque não
dizer, um pouco de ciúmes.
Entidade
cuja atuação a destaca no plano nacional e a faz reconhecida no plano global, o
Sport Club Internacional é também para nós, dos demais clubes gaúchos, um
motivo adicional e importante para a preparação, o trabalho e o esforço no
sentido do aprimoramento e da busca incessante por novas conquistas, capazes de
nos permitir superar, sempre que possível, esse eterno dificultador de nossos
caminhos, esse permanente obstáculo às nossas conquistas, esse denodado
adversário que sempre valoriza nossas vitórias.
Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, a homenagem que esta Casa agora presta ao Sport
Club Internacional me serve, também, para anunciar uma outra homenagem, que,
pessoalmente, quero fazer ao Colorado e à sua grande torcida. Quero, então, Sr.
Presidente, anunciar de público que, nesta data, aproveitando o ensejo que o
evento que aqui se realiza me propicia, encaminhei e protocolei Projeto de Lei
dando o nome de Ildo Meneghetti a uma das ruas de nossa Cidade.
Desejo
com isso, ao mesmo tempo em que homenageamos os 90 anos do Internacional, fixar
na memória do povo porto-alegrense o nome honrado de Ildo Meneghetti, que foi
Vereador e Prefeito de Porto Alegre e por duas vezes Governador do Estado,
sempre inatacável como administrador, sempre irretorquível como pessoa, e que
foi também torcedor e Patrono do Internacional.
Parabéns
ao Internacional, à sua Direção e à sua grande torcida, pelos seus 90 anos de
existência repleta de êxitos e conquistas.
E
o meu desejo sincero que o futuro lhe assegure trajetória idêntica, para alegria
e orgulho de todos nós. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra e falará em nome da Bancada do PSDB.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) No dia em que os meus netos
aportarem nesta Terra, eles, logo ao nascer, viverão um dilema terrível, só
duas alternativas para escolher: ou pertencerão ao Sport Club Internacional ou
serão Colorados.
Antes
de mais nada, gostaria de dizer que a festa de ontem foi espetacular, foi a
festa do século, lá estavam até gremistas, como hoje, aqui, nós temos este
verdadeiro democrata, freqüentador assíduo desta Casa e pessoa que Porto Alegre
se orgulha muito, que é o gremista José Fortunati. Mas, nós o perdoamos.
O
calor era demais. Insuportável. Como um bafo saído do bico de uma chaleira
fervente. Nem as esparsas nuvens grisalhas amenizavam. E deu-se aos poucos,
numa lufada. A onda preta, o ciclone e, em segundos, o céu, antes ameaçador,
desabava. Faxinava louco. E o banho alegre, como cascata, lavou a alma. O
carpete macio ficou de um verde só obtido dos arrozais na época da colheita.
Era um recente Gre-nal de dois a zero. Absolutamente dispensável perguntar para
quem. Era a segunda lavagem do espetáculo inesquecível. E a massa em rebelião,
pulava, cantava, explodia frenética, indiferente aos raios que coriscavam em
flashes. Nenhum diretor de cinema conseguiu até hoje combinar o hediondo,
firmamento enfurecido, com a alma colorada abandonada ao temporal, feliz,
encharcada no calor do concreto. Isto só é possível, este espetáculo dantesco,
maravilhoso, no milagre do Beira-Rio e, religiosamente, com a nova seita de
Jesus Christian, atual deus-negro dos nossos estádios.
Há
30 anos, um sonho e o desvario de meia dúzia ou pouco mais. E, desde então, a
bóia cativa vem cativando, mostrando ao mundo como que do nada pode se erigir
uma potência, mais do que cativante. Respeitada, amada. E uma porção de ícones
forjados nas jornadas imortais. Como a daquela tarde. Nomes inesquecíveis,
quatro esquadras que fizeram sua história, o Rôlo, a Máquina do Teté, o
Minelli-75, o invicto 79 do Enio Andrade, a Máquina do Velho Abílio... Da
Chácara para os Eucaliptus, para o Beira-Rio. Até o embrião Autuoriano de hoje.
Todos, aqui. Sua história se faz dia-a-dia, com a mística da cor vermelha, com
o sangue a cada jogada, de cada atleta, com a dedicação de cada funcionário,
com o juízo e a insensatez de cada dirigente. Só se chega ao campeonato se o
dirigente é insensato, ou pelo menos um pouquinho. E, se o ouvinte, e se vocês
ainda não conseguiram explicar a euforia, um certo desatino daquela gurizada
num outonal quatro de abril de l909, a sua doce imprevisão. O “nem passar pelas
suas cabeças”, do que estavam iniciando, ou melhor desencadeando.
Ou
se, ainda, você não entende nada de inconsciente coletivo, de povão, se não se
apercebeu que até o século faz a virada em reverência a este clube, se
necessita de uma explicação mais ampla para combinar esta maravilhosa reminiscência,
uma certa magia do espetáculo. A esperança ensandecida em cada garganta, com
uma bola branca beijando, aninhando-se luxuriosamente nas redes, presta a
atenção no fim do dia, na cor do pôr-do-sol desmaiante no Guaíba, olhando, com
os olhos semicerrados do primeiro adormecer, poderá divisar um arco-íris,
miragem em letras desenhadas por Nelson Silva, velho saxofonista e capataz do
povão coreano: 90 anos, glória do desporto nacional. Então, já podes iluminar
teu sorriso-interrogação: estamos falando do Sport Club Internacional, maior
clube da terra, ou melhor, maior clube desta galáxia, por enquanto. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Hélio Corbellini está com a
palavra para falar em nome da Bancada do PSB.
O SR. HÉLIO CORBELLINI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) É sempre muito difícil ser o último
a falar, porque tudo ou quase tudo já foi dito. Cabe-nos então fazer algumas
reflexões de onde nós nos identificamos: seja com o todo, ou seja
particularmente.
Antes
eu quero, a pedido da minha querida Vera. “Nêga Diaba”, fazer um registro que
ela solicita que seja feito: quando criança fez um, aliás, quando jovem fez um
álbum - e só pede para dizer e estou dizendo -, Vera. Tereza Franco, que o
primeiro golo no Gigante da Beira-Rio foi do Claudiomiro. E, aliás, eu nunca
soube se é verdade ou não, se ele uma vez teria agradecido à Brahma as
Antárticas que recebeu. Eu não sei se foi verdade ou não, mas está nas lendas e
feitos colorados.
Então,
eu queria fazer, Sr. Presidente, uma reflexão. Desde criança, eu sempre fui
também ligado ao futebol, lá em Caxias e depois, mesmo meu pai sendo gremista,
talvez por influência daquele cidadão que estava sentado ali comigo, me dirigi
ao Internacional, mas não só por essa influência, tinha outra coisa que me
identificava, que já foi referido aqui, era o nome Internacional, porque já
naquela época eu era socialista, e em 1900 foi quando, no mundo inteiro,
surgiram os times internacionais, os times com nome Internacional, todos ele se
inspirando na internacional socialista e o nosso também não fugiu desse debate,
quando foram excluídos do clube adversário.
E,
teve uma coisa interessante, quando convidado pelo Gelson, na administração do Gilberto
Medeiros, eu fui lá prestar algumas horas de trabalho ao meu clube no
Departamento de Marketing e eu era visto como um comunista dentro do
Internacional. Não é, Ver. Fernando Záchia? Eu era visto como um possível
agitador que estava lá dentro, um infiltrado, porque pertencia a uma agremiação
de autêntica identidade com o socialismo e me chamavam de comunista. Mas, mal
sabem os Senhores que, no outro lado, eu também recebia críticas, porque esse
período foi um período imediatamente após os anos de chumbo, e o governo usou e
abusou da mídia, tentando massificar a população. Talvez para esquecer de algum
problema que nós já estávamos sofrendo neste País. E eu era acusado de estar
com quem criava o circo, eu era acusado de, também, alimentar o ópio do povo.
Ledo engano dos dois. Aqueles que me criticavam, de dentro, não tinham talvez a
dimensão histórica das suas origens, das origens daquele Clube e de tudo que
ele representava para a população e para a sociedade organizada, do que
significava, realmente, a expressão clube do povo. Os outros, porque tinham a
visão distorcida da história, de não entender qual a vinculação que tem um
clube, um time, com a razão, a paixão e o amor, que aqui já foi falado. Isto
nos identificava. A derrota, e como ela é importante, a derrota, me
identificava. A vitória, como aqui foi dito e não vou reprisar, nos
identificava muito mais ainda. Mas o que mais nos identificava, quando levava
os meus filhos ao jogo, e fiz isso desde que eram pequenos - e todos são
colorados -, é que nós podíamos ver que do mais humilde, o companheiro lá da
coréia, até o mais abonado tinham o mesmo sentimento na derrota e o mesmo
sentimento na vitória. É um momento fatal em que todos, independentemente de
raça, de credo e identidade social, se igualam e se identificam e se abraçam.
Eu dizia: esse é o estado pleno da democracia.
Então,
Sr. Presidente Amoretty, eu queria dizer - em meu nome e em nome do Partido
Socialista Brasileiro, em nome do Ver. Carlos Garcia, que talvez seja esta a
única Bancada integralmente colorada, (o PDT também?) mas, pelo menos, uma
Bancada totalmente vermelha e colorada - que a sua responsabilidade é muito
grande, porque em trazendo essa reflexão daqueles períodos do Gilberto
Medeiros, eu vejo hoje o Internacional representado no seu Conselho por quase
todos esses segmentos que estavam em disputa naquela época. Hoje, dentro do
Conselho, as pessoas não têm mais vergonha e nem ficam acanhadas de representar
os liberais, os socialistas, os comunistas. O Internacional tem, no seu
Conselho, a pluralidade da nossa sociedade. Essa identificação é definitiva, e
é isto Sr. Presidente, são esses alicerces que jogam essa responsabilidade
social nos seus ombros. É a partir dessa base, da base que nos representa e nos
distingue do outro, porque realmente representa todas as correntes de
pensamento da sociedade, que nos sentimos impulsionados para, no terceiro
milênio, como já foi dito aqui, sermos muito mais fortes do que somos hoje.
Isso nós veremos quando viermos aqui, daqui a noventa anos, nos abraçarmos nos
cento e oitenta anos do Sport Club Internacional. Então, até daqui a noventa
anos! Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gilberto Batista está com a
palavra, pelo PFL.
O SR. GILBERTO BATISTA: (Saúda os componentes da Mesa e de mais
autoridades.) Como disse o Ver. Hélio Corbellini, é difícil quando somos os
últimos a transmitir aqui os nossos sentimentos, nesta brilhante homenagem.
Parabenizo o Ver. Fernando Záchia, amigo de Plenário, que me ajuda muito neste
meu primeiro mandato nesta Casa, e o parabenizo pela iniciativa que teve em
homenagear o Clube do Povo, o Clube que representa 50 por cento - e, acredito
eu, 50 por cento mais um -, que é, sem dúvida, a maior torcida do Rio Grande do
Sul.
Todos
os clubes são feitos de história. Mas a história do Internacional foi e está
sendo feita com muito amor e paixão. Essa mesma paixão que há 30 anos atrás
resultou na construção, com muito sacrifício e, bem lembrado aqui nesta
tribuna, sem nenhum recurso público e sim com a ajuda dos torcedores, do
estádio Beira-Rio, que comporta mais de 80 mil lugares. Todos os presidentes
que passaram pelo Clube se incumbiram de formar o complexo do Sport Club
Internacional. São histórias do Clube que foi três vezes campeão do Brasil,
invicto numa delas; histórias de paixões do Clube que mais vezes sagrou-se
campeão deste Estado; histórias de paixão que vão ficar na mente de todos os
colorados, e infelizmente de todos os gremistas, como a do implacável resultado
de cinco a dois. Então, essas histórias que todos recordaram são salutares.
Mas
cabe destacar a atual Administração do Clube, Presidente Paulo Rogério
Amoretty, sua Diretoria, e todos os que se empenham no trabalho diário desse
grande Clube, com todo o respeito aos demais ex-Presidentes. O senhor
apresentou uma nova visão de administração. Em sua gestão, com uma visão de
criatividade e determinação da Diretoria, com muita segurança e um planejamento
equilibrado, temos a esperança de ver o nosso Clube campeão outra vez. Vale
lembrar - todos, aqui, são sabedores - a coragem desta atual Diretoria, de
montar, nesta fase que o País vive, nesta crise, um grande time para conquistar
grandes títulos; a campanha de sócio que o senhor criou, junto com a sua
Diretoria, o sucesso já alcançado; o trabalho social que o Sport Club
Internacional desenvolve com os meninos de rua; o excelente desempenho da
equipe de futebol de salão e várias outras contribuições que o Clube dá a esta
Cidade, a este País.
Quero
parabenizá-lo, Sr. Presidente, porque o senhor responde por esta família
colorada, e no dia quatro de abril, domingo passado, nós, a família colorada,
estávamos de parabéns pelos 90 anos do Internacional. Quero que Deus lhe dê
saúde para conduzir o Sport Club Internacional ao palanque que ele, realmente,
merece.
Meus
parabéns ao senhor, a sua Diretoria, a toda família colorada. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Temos a satisfação de, agora, após as
manifestações das nove Bancadas representadas nesta Casa, conceder a palavra ao
Ilmo. Sr. Presidente do Sport Club Internacional, Sr. Paulo Rogério Amoretty.
O SR. PAULO ROGÉRIO AMORETTY: Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal
de Porto Alegre, Vereador e colorado Nereu D’Ávila; Exmo. Sr. representante do
Sr. Prefeito Municipal, Dr. José Fortunati, gremista, mas companheiro; Exmo.
Sr. representante da Assembléia Legislativa do Estado, Deputado, colorado e
Conselheiro do Internacional, Onyx Lorenzoni; Exmo. Sr. representante do
Tribunal de Justiça do Estado, Desembargador Délio Spalding de Almeida Wedy,
nosso companheiro, colorado também; Exmo. Sr. Presidente do Tribunal Militar do
Estado, Coronel Antonio Carlos Maciel Rodrigues; Exmo. Sr. Emídio Perondi,
Presidente da Federação Gaúcha de Futebol; Srs. ex-Presidentes do
Internacional, por ordem temporal: Dr. Gildo Russowski, grande presidente,
grande dirigente, primeiro presidente da Comissão de Obras, que concluiu esse
maravilhoso estádio, que já acompanha o Internacional e o caracteriza no último
terço da nossa existência; Presidente Carlos Stechman; primeiro Presidente da
era Beira-Rio e também um dos grandes construtores desse Estádio, ex-Presidente
Arthur Dallegrave; Presidente vitorioso, vice-Presidente campeão brasileiro,
grande dirigente em todas as épocas, ex-Presidente, amigo e irmão Pedro Paulo
Záchia, que tem aqui um irmão Vereador e muitos irmãos no Internacional; nosso
querido benemérito Valdemar Kuhn, que participou e hoje tem a benemerência como
homenagem justa pelo seu esforço e seu trabalho no Internacional, tanto na
construção do seu estádio quanto em outras passagens; ex-Presidente do nosso
Conselho Deliberativo, Dr. Luiz Fernando Dariano, cuja inspiração à oratória eu
gostaria que me socorresse agora, porque sempre presidiu muito bem o Conselho e
sempre soube dizer, com as melhores palavras, as emoções e os sentimentos dos
colorados; senhores vice-Presidentes do Internacional, Dr. Airton Moraes
Teixeira, 1º Vice-Presidente; Dr. Adeli Lopes Neto, 2º Vice-Presidente;
Vice-Presidente Celso Chamun campeão brasileiro, há uma semana, de futsal;
companheiros vice-Presidentes, que deixo de nominar, inclusive pelo número;
companheiros Diretores; Conselheiros colorados, com a permissão especial de
destacar o companheiro Ver. Cláudio Sebenelo, o Conselheiro Ver. Hélio
Corbellini, colorados e coloradas, senhoras e senhores.
Em
primeiro lugar cumpre-nos agradecer a homenagem que nos presta esta Casa, por
iniciativa, é verdade, do Ver. Fernando Záchia, pessoa a quem os colorados
devem muito, a V. Exa., a sua família, a seu pai, que foi Vereador, que foi
Presidente do Internacional; Presidente num ano em que, se não ganhou títulos,
cumpriu a etapa de acrescer ao clube recursos, capacidades, e de levá-lo até o
Estádio dos Eucaliptos. Também o Ver. Fernando Záchia que cumpriu o papel como
dirigente com vitórias, com títulos e que ajudou a todos nós. Muito obrigado,
em nome do Internacional, Ver. Fernando Záchia, à Presidência desta Casa e a
todos os Vereadores.
O
Internacional tem muito a ver com esta Casa, temos características
coincidentes, e algumas contrárias. Esta Casa, que é do Povo de Porto Alegre,
tem e teve Vereadores que vieram de outras Cidades, esta Casa se engrandece
pelas pessoas que nasceram em outras cidades do nosso Estado, e, às vezes, até
fora daqui. E o Internacional, diferentemente, nasceu nesta Cidade e, para usar
um termo em moda, espalhou-se para todo o Estado, para todo o Brasil e, até,
fora do Brasil. Ambas são casas do povo, esta de Porto Alegre, formada por
cidadãos nascidos aqui, e cidadãos de fora de Porto Alegre; o Internacional é a
casa do povo deste Estado, é o clube do povo deste Estado, com cidadãos de
origem de Porto Alegre, mas, hoje, como gostamos muito de dizer, é o clube de
todo o Estado do Rio Grande do Sul.
Esta
é uma Casa especial, não só porque o Internacional nasceu aqui, mas porque tem
uma identificação muito grande com o Internacional. Aqui passaram grandes
colorados como estes que estão aqui, por aqui passou Ildo Meneghetti, nosso
patrono perpétuo, que surgiu para a política como Presidente do Internacional,
foi um dos grandes serviços que o Internacional prestou a esta Casa, a esta
Cidade e a este Estado, na revelação de pessoas que sabiam conduzir a
coletividade, sabiam procurar o melhor para os seus cidadãos, para os seus
parceiros da nossa terra. Ildo Meneghetti foi Vereador desta Casa, e daqui se
lançou para outros destinos, ele que foi escolhido mais vezes como Presidente
do Internacional. Por aqui passaram: Manoel Braga Gastal, Ephraim Pinheiro Cabral,
que lançou o Projeto, nesta Casa, para a doação de uma área onde o
Internacional finalmente construiu o Gigante da Beira-Rio. Por aqui passaram o
Sr. José Alexandre Záchia, pai de Pedro Paulo Záchia e do Ver. Luiz Fernando
Záchia; Larry Pinto de Faria, Elton Ferstenseifer, Sadi Schwerdt, Ibsen
Pinheiro, Valdomiro Vaz Franco, e outros tantos colorados.
A
identificação desta Casa com o Internacional, que inclusive dissemos é a Casa
do povo desta Cidade, é muito simples de compreender, principalmente quando as
pessoas às vezes falam em pesquisas. Nós pensamos que as pesquisas teriam de
ser muito aprofundadas para que refletisse alguma coisa de verdade. Lembramos
que a última pesquisa que apontou índices de torcidas neste Estado, colocou que
alguém ganharia a eleição no primeiro turno, mas ela estava redondamente
enganada, tanto nessa indicação de primeiro turno, quanto na indicação de
torcida, nós temos aqui uma verdadeira pesquisa na Casa do povo desta Cidade:
dos 33 Vereadores desta Casa, 20 são colorados. (Palmas.) Com duas Bancadas com
100% de colorados. Temos que lembrar que, certamente, entre os outros 13
Vereadores há algum torcedor dos Clubes São José, Cruzeiro e talvez algum outro
time do interior. Isso dá uma dimensão da proporção das nossas torcidas.
Ouvindo
com muita atenção e recebendo a homenagem em nome do Internacional, nós
destacamos dois fatores muito importantes comentados aqui anteriormente: a
paixão e a razão. Ontem à noite, nós dissemos, na mensagem em que dirigimos aos
participantes no jantar principal do Internacional, que esse Clube não se
define, nós o sentimos e o amamos, mas hoje acrescentamos essa outra forma de
dizer um pouco mais sobre o Internacional.
É
verdade que algumas pessoas chegam ao Internacional pela paixão. Aliás, o Internacional
não é mania, o Internacional é paixão. E se algumas pessoas chegam ao
Internacional pela paixão, temos que pensar também que elas chegam - mesmo que
não identifiquem num primeiro momento - pela razão. E, estranhamente, o
Internacional não começou pela paixão, começou pela razão. Começou pela
vontade, evidentemente, mas foi pela razão que houve a fundação do
Internacional. Pessoas queriam praticar o futebol, se identificaram por aquela
vontade, e a razão ingressou como elemento de definição daquilo que eles teriam
como meio de praticar o futebol. Formaram uma associação, e também a razão se
pôs em campo, já que falamos de futebol, no momento em que as pessoas definiram
os princípios do Internacional. E aí não foi a paixão, foi a razão que disse, pela
voz de seus fundadores, que o Internacional não teria distinções, abrigaria
todas as pessoas sem qualquer discriminação de credo, raça, cor, qualquer
orientação política, qualquer definição que fosse excluir outras pessoas. Como
disse o Ver. Lauro Hagemann, foi evidentemente a razão que estava definindo os
princípios do Internacional. E a paixão veio depois, mas sempre esteve, no caso
do Internacional, como linha paralela à razão. Paixão e razão, no caso do
Internacional, como trilho de um trem, sempre estiveram andando paralelamente
na trilha de vitórias do Internacional, porque ninguém que tem a paixão
despreza a razão. Não se consegue amar um clube, não se consegue amar um time,
não se consegue amar algo que, como o discriminasse, afrontasse e negasse os
princípios de cada pessoa. A paixão e a razão sempre andaram lado a lado no
Internacional. Quem ama o Internacional sabe que o ama e, às vezes, a pessoa
não identifica, vem apenas do fundo do coração. Mas se ela, em algum pequeno e
rápido momento, parar e pensar, ela vai ver que ama o Internacional e
compreende que o Internacional é parte daquilo tudo que ela quer. O
Internacional não nega nem as suas origens e nem nega as convicções dos seus
amantes, dos seus ardorosos defensores de todos aqueles que o projetaram ou
dirigiram desde o início, de todos aqueles que defenderam a sua camiseta ao
longo de todo este período.
Realmente
não é um mistério e não se define o Internacional, mas se entende o
Internacional. Não se consegue ver de forma diferente como poderia ser um
grande Clube além do que é o Internacional.
E
nós temos que pensar que assim como nós vivemos 90 anos de glória e de sucesso
com a paixão e a razão andando juntas e que, por esta união de paixão e razão,
compreendemos também porque somos a grande torcida deste Estado, nós temos que
agradecer a todos aqueles que formaram o Internacional.
E,
como disse o Ver. Hélio Corbellini, que aqui estaremos daqui a 90 anos
irmanados nesta Casa do Povo com este Clube do povo e mais outras nove décadas
de sucesso, de vitórias; e outras nove décadas, estando, caracterizadamente,
com a paixão, com a emoção, com a razão e com a forma mais ampla de ver e viver
do ser humano.
Tomara
que daqui a 90 anos tenhamos condições de ter muito mais paz do que hoje temos
no mundo, do que hoje temos nas nossas grandes regiões urbanas, como é Porto
Alegre, sem violência, onde o esporte possa ser notícia muito mais pelas suas
realizações do que as guerras, do que os crimes, do que as mortes, do que os
acidentes que caracterizam a nossa civilização de hoje.
Tomara
que daqui a 90 anos continuemos sendo este grande Clube, continuemos sendo a
maior torcida deste Estado e, quem sabe, estejamos concorrendo para a maior
torcida do Brasil. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PAULO ROGÉRIO AMORETTY SOUZA: Não sei se quebro o protocolo, Sr.
Presidente, mas gostaria de entregar a V. Exa., representante desta Casa, e ao
Ver. Luiz Fernando Záchia, proponente da homenagem, a medalha comemorativa dos
90 Anos do Internacional.
(É feita a entrega da Medalha aos Vereadores Nereu D’Ávila e Luiz Fernando Záchia.) (Palmas.)
(Após, realiza-se a apresentação da Banda da Brigada Militar que executa o Hino do Sport Club Internacional.)
(É
executada música “Parabéns a Você”.)
O SR. PRESIDENTE: Senhoras e senhores, já quebramos o
protocolo, porque, como foi dito brilhantemente pela maioria absoluta dos
oradores e do próprio Presidente do Clube, da razão passamos à paixão e da
paixão passamos à emoção. Então não há protocolo que agüente.
Repasso
uma informação dada pelo Dr. Gildo Russowsky - não para corrigir nenhum orador,
mas para efeito da história -, que em 1950, por ocasião da preparação da Copa
do Mundo, a Câmara repassou ao Sport Club Internacional a quantia relativa a
quinhentos contos de réis, ou coisa que o valha. De modo que é uma informação
preciosa que deixamos nos Anais da Casa.
Nos cabe agradecer, efusivamente, como
instituição, a presença de todas as autoridades, as presenças de ex-dirigentes,
de conselheiros, ex-presidentes, ex-jogadores, ex-treinadores, enfim,
torcedores, torcidas organizadas, este manancial, este mar vermelho que
compareceu aqui nesta tarde, dando um colorido especial e mais do que um
colorido, dando uma emoção a esta Sessão.
Não
posso deixar de fazer referência, e certamente o Ver. Fernando Záchia pensa o
mesmo, a esta placa que recebo, e dizer que me enche de orgulho e de muita
emoção receber esta placa, generosidade do Presidente Paulo Rogério Amoretti,
mas que fala em nome do Internacional, porque sempre como torcedor, sempre como
pessoa que ama o seu clube, desde criança lá no Interior, o Desembargador Délis
está aqui também - meu conterrâneo lá de Soledade, fomos guris juntos -, e ele
também colorado, sempre primamos pela humildade de sermos apenas torcedores.
Mas fui, já que estamos falando na História, guindado pelo pai do Pedro Paulo,
pai do Luís Fernando, então, Presidente do Internacional, recém-formado em
Direito na Faculdade de Direito da Universidade Federal, fui convidado para ser
do Departamento Jurídico, naquela ocasião pelo ilustre José Alexandre Záchia. E
já que o Bráulio está aqui, quero dizer que foi a minha estréia em tribunas,
depois passei a Júris. Também aqui está o Presidente Perondi da Federação. Foi
com muito orgulho, Bráulio, e talvez tu não saibas, mas este Vereador,
recém-formado, fez a sua defesa, de Bráulio Barbosa de Lima, no Tribunal, no
TJD naquela época. E a Rádio Difusora, ainda na época, no outro dia informava
que um jovem advogado tinha absolvido o garoto de ouro do Sport Club
Internacional.
E
hoje, então, pela segunda vez sou agraciado com algo que muito me honra por
pertencer às hostes desta nação vermelha. Com isso, quero agradecer a todos que
aqui estiveram, tenho certeza de que assim como eu estou visivelmente
emocionado, todos aqui estão. Esta não foi uma Sessão formal, não foi uma
Sessão Solene, esta foi uma Sessão maravilhosamente partícipe, em que mais se
falou com o coração do que com a razão. Mas o Presidente Amoretty, muito bem
formulou da tribuna as diretrizes que correm paralelas entre a razão e a
emoção, essa é a história gloriosa dos 90 anos do Sport Club Internacional e
dos 30 anos do nosso Estádio Beira-Rio.
A
todos os senhores e senhoras, o nosso agradecimento final e a eterna saudação ao
nosso eterno clube. Muito obrigado.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 19h03min.)
* * * * *